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Arte que pulsa: Lona na Lua completa uma década de história, cultura e cidadania

Há dez anos, a quadra do bairro de Lavras, no interior de Rio Bonito, foi o berço onde nasceu o maior projeto sociocultural da cidade, o Lona na Lua. Fundado no dia 17 de maio de 2009 pelo artista Zeca Novais, a iniciativa já alcançou, nos últimos anos, mais de 50 mil pessoas através dos espetáculos e transformou a vida de mais de 2.500 crianças e jovens até os dias de hoje. Neste ano, além de comemorar uma década de vida, o Lona na Lua também celebra a construção de sua nova sede, na Rua Desembargador Admário Alves de Mendonça, que aguarda pendências na rede elétrica pra ser inaugurada, e a implantação de uma unidade do projeto em Casimiro de Abreu, para 200 alunos.

“Muitas pessoas contribuíram com o Lona ao longo desses dez anos, incluindo pais e familiares dos alunos, os educadores das escolas da cidade, os jornalistas locais. Se não fosse essa população comparecendo aos espetáculos e apoiando nossa ideia, eu seria mais um jovem frustrado, mas hoje sou um homem realizado porque essas pessoas acreditaram em mim”, comemora Zeca, que não esconde a satisfação em alcançar a marca de uma década de projeto com seus colaboradores.

“O sentimento é de que estou onde queria estar, fazendo o que queria fazer, ao lado das pessoas certas, que estão aqui porque enxergam o mundo de outra forma. Há muito respeito ali debaixo da lona azul e é por isso que as coisas acontecem”, afirma.

O legado

Atualmente, o Lona na Lua atende mais de 400 crianças e jovens em Rio Bonito e Casimiro de Abreu. A iniciativa trabalha com teatro, dança, cinema, música, arte circense e outros gêneros em oficinas oferecidas gratuitamente. O trabalho desenvolvido pelo projeto contribui extensamente com a formação pessoal, profissional e social dos envolvidos. É o que garantem os próprios alunos e ex-alunos, como João Pedro Trindade Moreira, de 19 anos, que está no Lona há nove anos e hoje atua na instituição como oficineiro de teatro.

“O Lona na Lua foi muito importante para mim, não só para meu crescimento artístico, mas também para o meu crescimento pessoal. Na Lona a gente não aprende só sobre circo, dança, música e teatro, a gente aprende sobre respeito, respeito às diferenças, e isso que é o mais importante”, afirma o jovem. Ele conheceu o projeto através de sua irmã, que foi convidada por uma amiga a participar das oficinas, gratuitas. “Ela sempre chegava animada em casa, contando como a aula tinha sido legal. Foi então que resolvi acompanhar ela nas oficinas. Eu ia, mas sempre ficava observando nas cadeiras de trás. Até que um dia o Zeca me chamou pra participar e eu não pensei duas vezes”, relembra João.

Gabriele Rangel da Costa, de 20 anos, que cursa Biomedicina na faculdade, também trabalha como oficineira de teatro no Lona e compartilha da mesma opinião que o colega. “Um momento muito marcante pra mim foi quando estávamos passando por uma situação difícil, sem meios de manter as atividades, e fizemos uma reunião pra conversar sobre isso. Nesse mesmo dia saiu o resultado de um edital que poderia nos ajudar a continuar com as atividades. Aquele sopro de esperança veio acompanhado de uma baita chuva em Rio Bonito, o que não impediu ninguém que estava ali de dançar, pular e comemorar debaixo da chuva. Foi lindo”, relembra a jovem, que entrou no Lona com 12 anos. “O sentimento que eu tenho agora é de gratidão com o Lona, por ter transformado a minha vida e a de tantos outros jovens”, agradeceu.

Gabriele é colega de trabalho de João Pedro, e após alguns anos participando como aluna, foi convidada a atuar como assistente de direção dos espetáculos. “O teatro mudou tanta coisa na minha vida! Me ajudou a ser mais disciplinada, responsável, esforçada. No meu tempo livre eu geralmente estava na Lona, fazendo arte. E eu acredito no poder da arte na vida de uma criança ou adolescente. Não sei o que eu estaria fazendo agora se eu não tivesse descoberto esse meu amor pela arte”, compartilha a estudante de Biomedicina.

“O Lona me fez crescer e amadurecer em experiência, eu me sinto realizado. Nunca achei que chegaria tão longe falando para as pessoas”, compartilha o ator Pedro Fernando, de treze anos, que estrela hoje o projeto ‘Eu no Mundo’, parceria do Lona na Lua com a Associação do Ministério Público do Estado do Rio (Amperj) e com a InterTV, afiliada da Rede Globo na Região dos Lagos. A iniciativa já alcançou mais de três milhões de espectadores em 50 cidades e está hoje em sua segunda temporada. “A gente conhece várias pessoas e elas acabam se tornando parte da nossa família. Sem falar que nós aprendemos lições muito importantes pra levar para a vida. Que o projeto cresça e alcance cada vez mais pessoas. Sei que no começo foi difícil para o Lona, mas agora, os frutos estão sendo colhidos”, disse o estudante do 8º ano.

“Em uma cidade sem o que fazer, sem ter pra onde ir, o que eu iria fazer? Foi no Lona que encontrei refúgio e também uma motivação. Às vezes eu me pergunto não o que eu sou após encontrar esse lugar, mas sim quem eu seria sem ele”, confessa Lucas Fernandes, de 19 anos, que entrou no projeto em 2012, atuando na área do circo e do teatro, e que hoje estuda Ciência da Computação na UFF. “Essa é a importância de projetos como o Lona na Lua. Trazer para todos a oportunidade de ter contato com a arte, seja nos palcos ou na plateia, e fazer jovens e crianças usarem seu tempo de forma produtiva e saudável. Tudo que se tem a esperar do projeto é que ele cresça, ganhe o Brasil, o mundo. E isso já começou, desde muito tempo. Sempre rumo a Lua!”, celebrou o jovem.

Impacto social

“Acho que a importância do Lona na Lua é enorme na nossa cidade. A arte é uma ferramenta de transformação na vida dos jovens”, pontua Gabriele Rangel. O ator Pedro Fernando também compartilha da mesma opinião. “A Lona é uma parte ‘mega’ importante na cidade de Rio Bonito, porque é um dos únicos lugares que tem esse tipo de coisa. Acho que o projeto é de extrema importância. A gente está fazendo história na cidade”, comemora.

O oficineiro de teatro João Pedro também concorda com os colegas e destaca a atuação do Lona na Lua em Rio Bonito e na região. “A nossa cidade ainda é muito carente em relação ao aspecto cultural, e o Lona na Lua meio que supre essa necessidade. Projetos como o Lona são extremamente importantes, pois muitas das vezes o primeiro contato que o jovem tem com a arte é através de iniciativas como essa, de forma gratuita”, opina.

“O sonho do Zeca sempre foi ter uma Lona em cada canto desse país, e esse se tornou o sonho de quem trabalha com ele, de oferecer arte de forma gratuita pra crianças e adolescentes. Eu espero que a Lona continue crescendo e atingindo lugares inimagináveis. Esse trabalho é de extrema importância para a sociedade que a gente vive e eu torço para que projetos como esse se ternem cada vez mais comuns”, concluiu Lucas Fernandes.

“O Lona na Lua revolucionou o cenário sociocultural da região, e trabalha com a autoestima do rio-bonitense. Isso pra gente é um orgulho enorme. Temos consciência disso e sabemos que nossa responsabilidade aumenta a cada dia”, reconhece Zeca Novais. “À população, ao publico geral, eu só posso agradecer por sempre terem acreditado e estado ao nosso lado nos momentos mais difíceis, acreditando no sonho de um menino que sonhava em ser ator, mas que entendeu que sua missão era proporcionar aos jovens o que ele não teve no passado. De fato, o amor é a lei”, finalizou.

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